sexta-feira, 23 de abril de 2010

Colonização portuguesa marca a história de Bagé

A sociedade portuguesa comemora hoje o dia em que o navegador Pedro Álvares Cabral chegou ao Brasil, em 1500. O fato registra a chegada do primeiro europeu ao continente americano. A chegada dos portugueses, assim como de outros imigrantes mudou o modo de vida dos brasileiros. Assim como o Brasil foi descoberto, Bagé também foi fundada por um português: Dom Diogo de Souza. A etnia é uma das mais representativas na sociedade bageense. Vários são os exemplos da contribuição desta colonização para o desenvolvimento do município.A história é bem antiga e a herança existe até hoje. Seja na cultura, na música ou na culinária, a influência dos portugueses pode ser percebida facilmente. O professor de História, Cláudio Boucinha, conta que a colonização portuguesa é um dos braços da civilização que chegou até nós.- Somos um povo muito miscigenado. Embora o gaúcho tenha herdado muitos hábitos dos índios, como o simples banho diário, pratica não habitual na Europa, temos muita influência portuguesa, como a cultura de hortas. Claro que também há muito da cultura espanhola, italiana e alemã, comenta.O idioma português, embora seja um dos mais difíceis de serem aprendidos devido à sua alta complexidade e diferentes formas de combinações gramaticais, é uma das línguas mais faladas no mundo, revela Boucinha. Além disso, como foi aprimorado com palavras indígenas, o idioma se tornou ainda mais rico. Na literatura não há como deixar de citar Luís Vaz de Camões. Ele foi considerado o maior poeta da época de toda a exploração marítima, segundo Boucinha.A herança musical pode ser percebida pelo Fado português, que traduz todo o romantismo da música brasileira. A música gaúcha, por sua vez, teve mais influência dos espanhóis. E até mesmo a burocracia, o Brasil acabou herdando de Portugal, onde eram necessários preencher vários papéis e requerimentos para que fosse possível conseguir algo. Mesmo a proteção à mulher seja uma descendência árabe, ela foi trazida para o Brasil através de Portugal, assim como algumas das formas arquitetônicas peculiares.Em 7 de setembro de 1822, o Brasil se tornou independente de Portugal, mesmo contra a vontade da Coroa Portuguesa, uma vez que o Brasil representava cerca de 70% a 80% da economia daquele país. A partir do final do século XIX, começaram a surgir as primeiras sociedades portuguesas, como uma forma de organizar a vida dos imigrantes. Em Bagé, o marco inicial foi em 1875, com a fundação do hospital da Sociedade de Beneficência. O objetivo era garantir maior saúde e segurança aos imigrantes de Portugal e, com isso, enraizá-los na cidade de modo que ninguém quisesse ir embora. Atualmente, o espaço é ocupado pelo Museu Dom Diogo de Souza.Um dos imigrantes portugueses de Bagé é João Fernando Franco Machado. Nascido em 26 de junho de 1927, em Viana do Castelo, cidade ao norte de Portugal, veio para o Brasil de navio, em 13 de fevereiro de 1952, para trabalhar nas construções civis da época. Ele recorda que, na época, diversos trabalhadores recebiam em ouro, o que era garantia de um bom emprego aliado a uma vida pessoal agradável.- Vim muito jovem para cá e desde então trabalhei muito na minha vida para conquistar o que tenho. Mesmo estando no Brasil há tanto tempo, até hoje faço viagens periódicas à Portugal, mas com certeza valeu a pena vir para o Brasil, destaca Machado.O atual presidente da Sociedade Portuguesa, Jorge Malafaia, lembra que tanto a Capela da Vila Santa Thereza como o Museu Dom Diogo de Souza e o Anfiteatro são heranças remanescentes da sociedade. Atualmente, o museu e o teatro encontram-se alugados para a Universidade da Região da Campanha (Urcamp).Hoje, existem cerca de 60 integrantes na sociedade e para se tornar sócio, as exigências estão bem menores, lembra Machado. Entre os benefícios estão um convênio médico com a Unimed e a inexistência de mensalidade, assim como não é preciso pagar para ir em jantares ou comemorações festivas promovidas pela sociedade.

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